Quero iniciar o controle reprodutivo em meu plantel. Como realizar? Por onde começar? Quais dados específicos devo obter? Quais seriam os momentos ideais para iniciar o manejo reprodutivo de meus animais?

Olá senhores leitores! Como vão? Espero que tenham gostado dos nossos primeiros artigos e estamos à disposição para que sejam sanadas as duvidas e para termos conversas agradáveis sobre os temas!

Bem, primeiramente gostaria de manifestar meus sinceros agradecimentos para vocês, criadores responsáveis, que procuram trabalhar de maneira séria e respeitosa aos seus animais. Isso me deixa feliz ao ver que os senhores procuram pelas informações, sejam da área de reprodução, como das outras áreas e podem ter a certeza que estas condutas os fazem ser diferenciados!

E vamos iniciar este nosso tema de hoje novamente de maneira simples. Vamos conversar um pouco sobre os manejos reprodutivos e como/quando iniciar as atividades reprodutivas.

Logo de inicio, precisamos nos preocupar com a SELEÇÃO do animal. Para começar o controle reprodutivo do meu plantel, a primeira informação que preciso obter é: este animal que quero iniciar a atividade reprodutiva está dentro dos padrões estabelecidos para que eu possa perpetuar as suas características? Displasia? Prognata ou bragnata em raças que não competem estas características? Pelagem? Enfim, dentro de cada raça existem especificações que os senhores devem ter a ideia de quais propriedades podem existir ou que não podem/devem existir.

E aqui chamo a atenção para a escolha do reprodutor: existe uma doença que se chama CRIPTORQUIDISMO. Esta enfermidade é caracterizada pela não descida de um ou dos dois testículos para a bolsa testicular após a idade ideal. A descida do testículo ocorre até os dois meses de idade, porém, às vezes o diagnóstico é realizado até aos seis meses de idade, altura em que ocorre o encerramento do canal inguinal.

Por gentileza, animais nestas condições devem ser retirados da sua seleção. Esta qualidade é genética e transmitida de geração em geração, o que faz desta característica uma condição não ideal para a continuidade da vida reprodutiva do individuo. Além disso, nestes animais a probabilidade de virem a ter neoplasia testicular é 13 vezes maior do que nos restantes e a probabilidade da torção testicular também é maior.

Em um artigo publicado pelo VetSet (referência abaixo), comentou-se que o fato de ser uma alteração genética, não implica que todos os animais que transportam esta informação apresentem criptorquidismo aparente, já que a transmissão pode igualmente ser feita através das fêmeas para os seus descendentes. Só os descendentes em que ambos os pais sejam portadores terão 25% de probabilidade de vir a demonstrar esta deformação. Ou seja, se o seu animal criptorquídico entrar em reprodução, ele poderá ter filhotes com os dois testículos na bolsa, porém eles apresentam a característica genética (SERÃO PORTADORES) e vão transmitir para seus descendentes!

E não existe tratamento eficaz para esta condição, embora muitos profissionais utilizam alguns medicamentos para que haja uma tentativa de descida do testículo, ela não é 100% eficiente e isso não retira a característica genética do animal! Isto é, o animal vai ainda ser portador e transmitir a enfermidade!

Portanto, recomenda-se a castração bilateral (dos dois testículos), tanto para o bem estar do mesmo e não formação de tumores testiculares, como também para a não perpetuação desta característica pouco almejada quando se quer ter animais sabidamente competentes em quantidades de células espermáticas.

Continuando........ Vamos para o próximo passo: quando iniciar as atividades reprodutivas neste individuo? Bem, como dito no artigo anterior, animais adultos são os mais requeridos para isso. Fêmeas após apresentarem-se adultas, independentemente da quantidade de cios anteriores que tenha manifestado e machos também com características de adulto. Isso varia de raça pra raça, mas colocamos aqui como um período médio, a partir dos 12 meses de vida.

Quais dados devo obter para iniciar o manejo reprodutivo? Primeiramente falaremos das fêmeas: quando iniciou o primeiro cio? Quanto tempo (dias) de sangramento a fêmea demonstrou? Características e comportamento de cio: aceitou a monta? Por quantos dias? Vulva inchada? Apresentou agressividade em todos os momentos do cio? Ou pelo contrario, não apresentou nenhum sinal? Após o primeiro cio, quando ela obteve o próximo? Seis meses depois? Quatro meses? Oito meses? Ela apresenta pseudociese (gestação psicológica) após cada cio?

Todas estas informações devem ser anotadas para que possamos estabelecer um manejo individual e adequado para esta fêmea. Por exemplo, se soubermos que ela tem o sangramento em torno de 10 dias e que aceita o macho por 7 dias, poderemos trabalhar de maneira objetiva e conseguir alcançar o momento mais preciso possível para que haja o acasalamento.

Quando algumas características fogem do padrão “normal”, ao já sabermos destas condições especificas para estas fêmeas, trabalharemos de maneiras mais atenciosas e precavidas, adicionaremos alguns exames para tentar sanar algumas condições que escapam das nossas vistas. Resumindo: dias de sangramento, comportamento do cio e intervalo de cios são essenciais para um bom manejo da fêmea.

Uma grande vantagem que podemos obter sobre o inicio do controle reprodutivo da fêmea é a utilização do exame ultrassonográfico. A ultrassonografia lhe trará as informações sobre a integridade do útero e ovários, que muito podem nos ajudar a ter certeza se esta fêmea está apta para o inicio das atividades ou se apresenta algum problema que limita a reprodução e o seu manejo reprodutivo.

Para os machos, o ideal é ter a ideia da qualidade espermática deste individuo, o que se faz por meio do exame andrológico. Neste exame podemos saber se este animal apresenta quantidade de espermatozoides viáveis e suficientes para fertilizar uma fêmea e se estas células espermáticas apresentam ou não alguma patologia que limita a fecundação. Com uma coleta do sêmen pode-se obter estas informações.

Além disso, precisamos ter a ideia da libido deste animal. Ele apresenta interesse na fêmea? Cheira e não tenta montar? Ou nem cheira e não tem interesse? Todos estes dados são importantes para que possamos iniciar a reprodução de maneira objetiva e com a noção da qualidade espermática e comportamental.

ATENÇÃO: Os animais, para iniciar todos estes processos e anotações de dados para que possamos exercer o manejo reprodutivo de maneira eficaz, os mesmos devem estar livres das doenças infecciosas que mais afetam a reprodução. A leptospirose, brucelose, herpesvirose, doenças do carrapato, entre outras enfermidades serão temas para os próximos artigos e tentaremos elucidar sobre os principais problemas destas doenças quando presentes no plantel.

Terminamos nosso bate papo por aqui e espero os comentários dos senhores!

Sempre a disposição!
Abraço!
Profa. Dra. Marilu Gioso.

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