Qual o momento correto para acasalar a fêmea? Quais exames são necessários para que ocorra a maior chance de gestação? Como devo proceder e quando devo contatar o Médico Veterinário?

Bem vindos novamente a mais um artigo sobre reprodução em cães!

Artigos estes que apresentam por finalidade levar conteúdos importantes e que possam contribuir para o bom andamento do manejo reprodutivo de seu plantel, bem como proporcionar aos profissionais, proprietários e amantes da reprodução canina, subsídios para que possamos desenvolver um trabalho de qualidade junto as nossos queridos animais.

Neste artigo iremos comentar sobre alguns assuntos que são considerados primordiais para que possamos aumentar a produtividade do plantel e que são necessários para que haja gestação e um maior numero de filhotes nascidos.

A pergunta que todos acreditam que seja razoavelmente fácil de responder "Qual o momento correto para acasalar a fêmea?", nem sempre é tão simples assim.

Muitos profissionais acreditam que após o término do sangramento vulvar, deve-se levar o macho à fêmea quatro dias depois. Outros já levam o macho para acasalar quando a fêmea está no final do sangramento e outros ainda permitem a monta ou inseminação em torno dos dias 10-12 após inicio do sangramento.

Ok. Iremos discutir um pouco sobre isso.

Todos estes momentos podem levar a gestação, mas nem sempre. Já tivemos relatos de fêmeas que não aceitam a monta, mesmo estando em períodos apropriados para o cruzamento. Alguns relatos que, mesmo após o cruzamento/inseminação da fêmea em dias alternados, não houve gestação, pois provavelmente ela foi levada ao macho (ou inseminada) em dias em que ela não estava apta para a fertilização. E ainda reportamos alguns comentários sobre o não aparecimento do sangramento e pouco inchaço vulvar.

São muitos os casos em que a "receita de bolo" sobre o dia melhor para acasalar, não leva à tão esperada prenhes. Mas aí há a dúvida: qual o porquê disso? Porque existem cadelas que não sangram? Porque existem cadelas que não aceitam a monta? Porque, mesmo eu trabalhando com a cadela aceitando monta, ela não emprenha quando cruza/insemina no dia 4 após o término do sangramento?

A resposta é uma só: porque cada cadela tem um perfil e um comportamento de estro e concentrações hormonais que são únicos, diferentes umas das outras, que variam em relação ao dia correto de fertilizar. Cada caso é um caso e precisamos deixar claro que estas “receitas de bolo” podem dar certo como podem falhar. Existem cadelas que apresentam "cio longo", outras com período estral mais curto, outras que não apresentam comportamento de cio... E por aí vai......

Para cadelas que já foi arriscada a cópula ou inseminação, utilizando os momentos do período considerados como o ideal, isto é, aqueles momentos “pré estabelecidos” e historicamente usados por inúmeros profissionais, e mesmo assim não ficaram gestantes, recomenda-se que tenhamos um contato com os médicos veterinários que podem nos ajudar a:

1 - Verificar por via da ultrassonografia garantindo que este animal está com o aparato reprodutivo íntegro;

2 - Verificar as dosagens de hormônios fundamentais para a reprodução e que necessitam estar em concentrações adequadas para uma boa fertilidade;

3 - Verificar as possíveis causas infecciosas que podem afetar a taxa de fertilidade e levar a não concepção;

4 - Exame andrológico do cão, para certificar que o mesmo está apto para a reprodução.

Portanto, podemos considerar que as cadelas apresentam perfis hormonais diferentes umas das outras, o que nos obriga, em alguns casos, ter que estudar o seu perfil endócrino para que possamos estabelecer o momento ideal para o acasalamento.

Existem dois artifícios muito utilizados internacionalmente para que possamos acertar ou tentar melhorar as taxas de gestação. Um deles se chama citologia vaginal e outro, utilizado principalmente quando trabalhamos com sêmen resfriado e congelado, é a dosagem sérica da progesterona.

Estes dois artifícios nos mostram qual o período ideal para que possamos trabalhar. Independentemente se esta cadela está no dia 10 ou 12 após sangramento, se esta cadela está com a vulva inchada ou não, se ela sangra ou não, se ela aceita ou não o macho.

O método da citologia vaginal se baseia na observação do perfil citológico da cadela, o qual sofrerá mudanças bem características de acordo com as fases do ciclo estral (figuras 1 e 2).

 

Figura 01: Utilização de um swab que é introduzido na vagina da cadela para o exame de citologia vaginal. Fonte: Dra. Marilu Martins Gioso/Dr. André Ferreira.

 

Figura 02: Citologia vaginal - exame das células vaginais que indicam a fase do ciclo estral na cadela. Fonte: Dra. Marilu Martins Gioso/Dr. Marcio Nunes.

 

A outra metodologia é a análise de progesterona sérica (figura 03) que consiste nas dosagens deste hormônio esteroide que permitem fazer uma estimativa do momento de ocorrência do pico pré ovulatório.

 

Figura 03: Análise da progesterona sérica para avaliação da fase do ciclo estral da cadela. Tal instrumento é importante para avaliarmos o momento ideal para a fertilização. Fonte: Dra. Marilu Gioso/Dr. Marcio Nunes.

 

Com estes artifícios, podemos adicionar ao manejo reprodutivo informações importantes sobre aquele animal, especificamente, que levam a aumentar a taxa de concepção.

Adicionalmente, com estes instrumentos a estimativa para o insucesso diminui consideravelmente e a probabilidade, ao investigar a fêmea, que haja a contribuição para que a mesma seja fertilizada no momento correto estabelecido pela sua fisiologia.

E assim terminamos mais um artigo. Coloco-me a disposição dos senhores para eventuais duvidas ou sugestões!

Grande abraço!
Profa. Dra. Marilu Gioso.


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